Por que ficas?
Mereço que fiques?
Sirvo para que fiques?
O que te posso dar?…
Além destes olhos
O sangue puxado da minha cara
As minhas olheiras fundas
E a noite de ser
E a chama fere-me
Acorda-me os olhos
Pergunto por que ainda aqui estás
O que fazes aqui comigo
Sem cuecas na tua cadeira
A chorar a ferrugem que não conheço
Que não sei de onde vem
Sem corpo certo
Sem tesão certo
Sem humidade que dure
Sem nada
Sem olhos que a salvem
Mesmo que a queiram salvar
Acendes um cigarro
O que te posso dar?
Eu, filósofa inventada e sem triunfos
Escritora sem livros
Poeta sem antologia
Filósofa sem tese
Sem dinheiro que fale
Sem casa que me fique
(Daniel)
Sou fraca
Sou frágil
Débil como as folhas de papel no chão
Sujo, amarelado, áspero do frio
Inútil como o papel no chão da rua, mesmo que escrito
Inútil, sem resultado que se lhe prometa
Desfaço-me
Parto-me
Mas sei olhar para isso
Já sei olhar
E dou a fúria à tua mesa
Molho-te a toalha
Cravo-lhe a caneta
Mesmo que seja fraca
Frágil, pronta a partir-me
E já nem escrever me define
Não sei
Sem profissão
Sem curso
Sem carreira que a defina
Sem casa
Sem chão certo
Sem tijoleira que conheça
Sem alcatifa a que se habitue
Sem pés certos
E eu gosto de áspero nos pés
Sem nada
Só os versos
A Filosofia
As perguntas
A ?
Esta cabeça que não percebes
Só isso
O ranho e eu
As lágrimas
Isto tudo
Pó de soleira
Corpo Inventado
Sem profissão77
Sem categorias na cédula
Sem cargo para se apresentar
Sem conta que a segure
Sem dinheiro que fale por ela
Desadequação
Dor de Ser
Espinhos que cativam
Dor de cabeça
Dói-me ser evangelizada do chão
A luz corta-me o caminho
Faz-me ter de parar
Olhar quem eu Sou
#ElasDoAvesso
recebe-me, a mim e ao livro «Ela do Avesso», em casa
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