30/05/19
Chega Mariana
Aperta “as traineiras do trabalho”
Suja-me a mochila
Sorri
Aprendi a gratidão num banco de autocarro
Mariana está feliz
Grita a plenos pulmões que trabalha na câmara
É ex-toxicodependente
Nota-se ser
“Já recebeste?”
“Já recebi!
Dia 20 na conta e dia 18 deste mês já deve lá estar… é domingo.”
“Há que tempo que já trabalho na função pública… ainda a minha irmã não era da função pública e eu já trabalhava no são João… antes de ter dado a cambalhota”
“antes da cambalhota” ri-se de cara rasgada e aberta a cigana…
Aprendi o amor na gente simples… na fonte do preconceito… em quem não leu livros, mas sabe… intuitivamente sabe que a vida passa a correr… li livros demais nesta vida… pensei demais… tudo demais… talvez a vida seja “demais” agora… em todos os sentidos… não tenho medo dos exageros da vida…. Que ela me mate e me coma toda… não é de agora que me sugiro, que a convido… não tenho sido o vaso que ela precisa… tenho sido demasiado ereta, demasiado masculina… tenho querido fecunda-la, sem saber que eu sou dela… que eu sou a puta dela… e se ela quiser, Que Venha. (na transcrição)
(continua ou reinventa-se; recomeça-se)
Aperta as “traineiras”, é ela Quem diz.
Suja-me a mochila.
Impressiona-me com os músculos definidos
De uma magreza insuportável, adivinhada, compreendida
Sentida nos olhos desta mulher
O corpo está despido de carne, mas os olhos não… os olhos têm vida e são carnudos no verde…
Que bela mulher…
Deus sabe o que lhe terá acontecido
Deus sabe a força que lhe habita
A força que a anima
Que a faz maior
Que a faz mulher
Deus sabe
E eu agora também…
eu com quem mariana trocou arquétipo na mente
a mim, só a mim
naquele banco de autocarro
a quem Mariana ensinou que tudo passa
tudo anda
mesmo que sobre ferros sujos
(estou num comboio… claro que estou num comboio (texto Quando Eu Fiz 27 Anos)
Faço 30… vem vida, vem reviravolta
Claro que vem
Estou aberta
Nua como mariana
Só que com carne
Pronta para ser comida
Eterna relação sexual com a vida
Eu , ela e o mundo todo
Vamos juntos nesta orgia
Que o espetáculo comece (no momento da transcrição)
(continua)
Mariana… é assim que se chama
(tudo mudou…
Menos eu, a escrita, o tom de história do comboio… o meu masculino apareceu… acordou liberto para mim… nasceu E, nasceu Márcia e juntos uniram-se numa corda da vida trancada… chamada Yin and Yang… é inelutável… tudo é inelutável como este comboio… eu, E e a lição de Mariana que recebemos juntos… não estava sozinha naquele banco de autocarro… estávamos todos. Todos a ouviram… todos foram gratos como ela … todos a reconheceram… todos a recuperaram… à Heroína Mariana… que nos mostra, mostra que a vida anda… mesmo que sobre ferros sujos. Anda porque tem que andar.)
(continua)
É grata,
É assustadoramente grata
Absurdamente corajosa
Fala com uma cigana sem dentes
Que lhe sorri
O que fiz eu nos livros?
Na meditação?
Não me parece que Mariana medite
Mas talvez eu precisasse disso tudo para Ver
Saber o que ela sabe, tão naturalmente
Talvez os livros
Talvez a ?
Talvez os livros sejam um caminho, a sabedoria
A Liberdade de saber
Está no me acontecer sem máscaras
Precisei dos livros
Para conhecer
a sabedoria na rua
talvez esteja a «procurar na superfície
o que só se encontra nas raízes»
Ancestralidade
Mapa da vida
Milagre do povo
Vida a acontecer
Bairro e vida nova
(faço preVISÕES na escrita)
Obrigada.
Parabéns, Mariana
Ensinaste-me o que 100 anos de Filosofia não me puderam mostrar
Milagre do povo
Encosto-me
Roço-me nas escarpas
Sinto o acre dos ?
Como ? com alegria e dos que choram
E me olham a sorrir
«Povo