O olhar do poeta é o de ver o que mais ninguém vê
O olhar de poeta
É o de ver o perdão
Onde só existia um homem
A boca num cigarro
E um retângulo amarelo
O olhar do poeta
É o de dizer o invisível
É brincar com os pés
Sorrir com a ponta da sapatilha a dobrar
Brincar com as palavras, perdoar a mente
O olhar do poeta é o de ver as cores
Que mais ninguém vê
Dizer as cores do céu
O cinzento que não se pode
O azul indizível
O olhar do poeta
É o do Amor
O de perdoar a Verdade
Trazê-la para mais perto
Mesmo que numa folha
De contrato de ginásio
O olhar do poeta é o de deixar de ser o mundo
A sê-lo
O olhar do poeta
É o de ser Amor
É o de descobrir um pôr do sol atrás da casa
O que mais ninguém viu
É o lugar de se deslumbrar
É o direito a se deslumbrar
Captar com palavras
O que mais ninguém viu
«O olhar do poeta é um lugar
«O lugar do poeta