Um contador de estórias em ode, um anunciador da Verdade sem império, um verdadeiro latinizante, porque a Verdade pede glória e a glória exige eruditos, não que a erudição lhe chegue, à Verdade, mas cabe-nos a nós, humanos e humildes ofícios da Verdade, cantá-la com nobreza no tom estoicista a que ela obriga. A Verdade passou ao lado, mas nem por isso deixou de lá estar. Este é Reis, mais a descoberto… mais desnudo, talvez, do que ele gostaria… Continue reading
Categoria: poesia
Musa Canta, morra ego sum
Dá-me ser o Cristo
Morra márcia, morra ego sum.
Que outro valor mais alto se alevanta.
Dá-me desfazer-me, Pai.
Uma última prece, que eu me desfaça.
Desfaça-se o nada, para que Tu possas entrar, ó Musa.
Canto-te, tento ensaiar o canto… mas nada te subverte, nada te copia.
Tentei ser tu e não conseguia.
Ó Santo.
Musa em mim que canta.
Já não sei quem sou.
E que liberdade esta de não saber quem sou.
Ou, ainda melhor, de não ser nada.
(Que eu não me perca, ouve-se uma voz pequenina
Parece o homem do leme
Aterrorizado, mas sem medo. Vai.)
Jung foi-se e Freud também.
Ninguém Te compreendeu.
Porque ninguém Te quis ser, Pai
Faltou-nos grandeza.
Que a musa não cesse.
Dáme ser o segredo que eu esqueci.
Dá-me roubar o peão da morte
Na caixa fechada.
Aturdida, roda. Não sou eu.
Dá-me ser eu.
MAA
Deixei-te
Deixei-te
À beira-mágoa
À beira da tua mágoa
Estendi a tua carpete e fui embora.
Já não espero que lambas o fel
Nunca esperei
Quero que voes com as aves Continue reading
Som Frutado
Crítico e suave
De som tão fácil
Palavra tão simples
E capaz de dizer tudo
Amo as palavras
Respeito as palavras
Se houvesse Deus para ?
Com palavras
Deus está antes
As palavras vêm depois Continue reading
Delito emocional. O Amor e um Berlinde.
Gostava que soubesses que é duro… que eu nunca quis isto para nós… acabo sempre por vir aqui acertar contas com o mundo… dóis-me como bolas de berlinde a respirar… as bolas com que ainda somos capazes de brincar, mas não servem mais ao propósito… todos nós somos capazes ainda de jogar ao berlinde, isso entretém-nos, mas já não nos serve de nada. E tu dóis-me como uma bola de berlinde… nunca lhes dei muita atenção, mas quando elas apareciam, eu estava disposta a focar, a prender os meus olhos nelas… saber-lhes o dentro, as cores e as formas todas… batia com elas no chão, sem querer…
A Criança Nova é mais do que Deus e do que os Filósofos todos
O tema desta próxima quinta-feira na Barca FM Rádio é a Criança Nova de Caeiro… mas é a nossa também…
Na próxima quinta-feira, inicio-me e arrisco-me… Falo da criança interior e sobre quão surdos andamos em relação a ela… decreto-a mais do que Deus e do que os filósofos todos e digo assim: “Não há de ser ela mais verdadeira/Que tudo quanto os filósofos pensam/ E tudo quanto as religiões ensinam?”
A violência da cidade a ser
A violência da cidade a ser
77,75
Carruagem 23
Se eu visse tudo como é, não seria
Não seria agora…
Porque conseguiria ver como tudo é… Continue reading
Inevitavelmente Poesia XI
O meu pé dobra-se
Curva-se na cadeira da frente
Na verdade, na clareza de que eu me amo Continue reading
Hoje estou cansada disto tudo
Hoje estou cansada disto tudo… Cansada de meditar… Cansada de perguntar… Cansada de querer fazer tudo certo… Cansada… A sentir-me mal por te querer… A sentir-me frágil… A achar que não devo sentir-me assim… Que não estou a gerir bem as coisas por te querer tanto… Que me vou magoar… Porque sinto a tua falta… Continue reading
O sangue puxado da minha cara
Por que ficas?
Mereço que fiques?
Sirvo para que fiques?
O que te posso dar?…
Além destes olhos
O sangue puxado da minha cara Continue reading