Falta sermos Humanos. Falta-nos Espécie e Coragem. Falta-nos querer saber por que estamos cá. Falta-nos saber o que nos faz dormir menos e, ainda assim, acordarmos airosos na manhã seguinte. Falta-nos saber o que nos deixa sãos, o que nos faz regressar a nós.
Nós fazemo-nos falta. O que está cá dentro e não sai. Faz falta.
Um destes dias esqueci-me do caderno e isso fez falta. Fez falta como lavar os dentes. Como as coisas que esquecemos na mala, quando vamos viajar. O caderno faz falta às viagens dos meus dias.
Depois, para me compensar, para me aproximar de mim e, talvez, pedir-me desculpa, fui comprar um livro. E fui para uma esplanada, no centro do Porto. Muito no centro, no coração, onde as artérias de Santa Catarina, Sá da Bandeira e a Formosa se encontram… no grito do Porto, portanto.
Sentei-me e fiquei a ver a chuva. Partilhei a esplanada com um casal de turistas, tão doidos como eu, creio. É que estava muito frio e a chuva picava a cara. Mas a pintura do Porto a Acontecer compensava… A chuva pintava Sá da Bandeira de Impressionismo (ou era dos meus óculos cheios de choviscos, também podia ser…). Pintava-a de luz cinzenta, de um cinzento que não, não é triste. O cinzento do Porto não é triste… É uma melancolia bonita… é um cinzento que nos faz parar, parar na cidade, parar em nós e olhar… Olhar o que há fora e regressar para Olhar por dentro. É por isso que gosto de Olhar.
E também havia os carros… que molhavam as pernas e indignavam os braços, as bocas e a língua – do código ignominioso do Porto. Sim, dos “caralhos” e dos “foda-ses” que nos sobem diretamente do coração para a boca – dos que passavam.
E havia também as mulheres que corriam para, em vão, se protegerem da chuva… em bicos de pé para, também em vão, não perderem a elegância dos saltos altos que se enterram na calçada e nos emaranhados de aço do chão. Eu acho sempre bonito e quase romântico uma mulher que quer correr à chuva de saltos… Elas vão sempre tentar ser harmoniosas, bonitas, leves… vão arriscar-se a torcer os pés… Mas no fim, valerá a pena… Elas acreditam, pelo menos. De todo o modo, eu acho isso heróico. E não, não tenho nada contra às mulheres que se põem em cima dos seus tamancos, em todos os sentidos. Acho que as mulheres são maravilhosas, de facto… São o Ser que não se despediu do mítico. Mas também gosto muito dos Homens.
Ainda assim… correr não é elegante. Correr serve para nos fazer chegar mais depressa. Correr desperta o animal que nos habita.
(…)
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2 Comments
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