Esperamos sempre que as pessoas nos morram antes… antes de as matarmos… antes de as destilarmos no ácido do que se transformam.
Achamos que é mais fácil matarmo-nos em campo. Desistir quando já não se respira. Quando já não há ar aqui.
É uma visão do amor que não percebo. O amor não pode ser isso. Não deve ser.
Não, não é o dos livros. Não é o dos que vivem felizes para sempre. O amor que acolhe, mas que não agarra. Que deixa ir, que sabe que tem de ir, que sabe quando acaba… Antes do corpo lívido, duro de respirar.
Eu quero ver-te vivo, feliz, luminoso como tu. E eu, por mim, eu quero ser feliz. Livre da saudade, que é vã e dor egóica, que recorda o que foi e que, por isso, atraiçoa a vida. Soltar a falta de, de me receber nova e de me deixar ir. Subir. Respeitar o aperto das artérias. Respeitar o tempo.
O tempo não ouve “espera mais um bocadinho”. Ele segue, faz o que tem de fazer. E nós devemos ser como ele, que inexoravelmente passa. E de nada adianta iludirmo-nos e gritar-lhe “ainda não é agora… vamos mais uma vez. só mais uma.” Iludirmo-nos é trair o tempo. Não podemos trair o tempo, que corre e nos quer refeitos, de nós, de novos Nós.
…
Achamos que a ilusão nos ajuda. Nos ajuda a passar… a gastar… com menos dor… Nos adia a verdade. Como se, “vamos fechar os olhos agora… os dois, juntos… porque ainda gostamos… porque precisamos… porque ainda é difícil…”. Sem vergonha, desavergonhadamente precisamos. O corpo ainda pede. Mas os olhos já não. Os olhos precisam de histórias novas.
O corpo tem medo. De não sabemos bem o quê.
#ElasDoAvesso
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