É bom quando se escreve assim, como se tem de escrever… Sem contar. Sem saber sobre o que vou escrever. Quando começo numa história e acabo noutra. É bom. É como tudo o que viemos para ser, se calhar…
Sem regras, sem tetos, sem esqueletos para montar. Como toda a existência natural, livre, solta… como o vazio do amor, mesmo o da carne, nos provoca no fim…
A calma, a paz do nada, da viagem, ainda sem regresso marcado, ao Cosmos, às cores, à Verdade e ao que não sabemos – porque mesmo o amor da carne tem cores e nos religa-.
Escrever assim, sem uma temática de partida, é como fazer amor. É o contentamento do fim – “tão vazio como quando se acabou de fazer amor com alguém que se ama” – é Hemingway quem diz -; é o início de um estado, onde o nada impera, onde só bate o coração e se sente o corpo como janela para o que não vemos, no intempero dos dias.
Escrevo assim.
Quando escrevo assim é um caminho de regresso à ordem. É um ato de amor com a alma… abraçá-la, beijá-la, na cama dos papéis e das canetas. Do amor sem fim, do amor do início.
(…)
É uma paz onde nada, ninguém está autorizado a entrar, a interromper… uma paz de um silvestre proibido, inaudito, que só eu e as fadas de dentro conhecemos.
De uma paz que pede que pare, que me detenha, que deixe o mundo a mexer sozinho, para ser vivida. Uma paz que me arranca lágrimas do Deus que me mora dentro e me pede que olhe em volta… Que veja quantas coisas bonitas eu tenho para contar… Quanta beleza eu já consigo ver com os olhos.
Tudo, absolutamente tudo para além disto, é aparência, é vegetal da vida.
Escrever é amor comigo. É onde nada, nada nos pode vencer – porque não há luta possível. É onde o amor dos homens não cabe, onde o sexo deles e o meu também, não cabem. É onde eu, só eu, um eu inexpugnável, me amo. Só eu me sei amar assim, porque só eu conheço e vejo a minha verdade e a minha luz de dentro. Só eu me posso amar desta maneira. E é, por isso, tremendamente injusto que peça ao outro que me ame desta maneira, de uma maneira que ele não vê, não pode ver, não lhe é permitido – ou eu ainda não permiti -.
É assim quando escrevo. Talvez, por isso, expulso os homens e tudo o que não serve, não serve desta maneira, na minha vida. Também porque desperto para uma verdade que só agora se dá como aparição da nova existência que me é prometida.
Quando escrevo sou eu, a que eu ainda conheço pouco, que me deslumbra, todos os dias, quanto mais eu deixar, mais um bocadinho.
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Finalmente, deixo-vos Mozart com a Sonata 16, que me acompanhou neste texto e, que acredito, faz justiça cosmológica ao momento de ler.